SALMO
110 - A BENÇÃO SACERDOTAL SOBRE O REI QUE VAI A GUERRA.
Disse o SENHOR ao meu Senhor:
Assenta-te à minha mão direita,
Até que ponha os teus inimigos
por escabelo dos teus pés.
O Senhor enviará o cetro da tua
fortaleza desde Sião,
Dizendo: Domina no meio dos teus
inimigos.
O teu povo será mui voluntário no
dia do teu poder;
Nos ornamentos de santidade,
Desde a madre da alva,
Tu tens o orvalho da tua
mocidade.
Jurou o Senhor, e não se
arrependerá:
Tu és um sacerdote eterno,
Segundo a ordem de Melquisedeque.
O Senhor, à tua direita, ferirá
os reis no dia da sua ira.
Julgará entre os gentios;
Tudo encherá de corpos mortos;
Ferirá os cabeças de muitos
países.
Beberá do ribeiro no caminho,
Por isso exaltará a cabeça.
INTRODUÇÃO
Muitas
vezes somos levados a ver logo Cristo de cara nesse salmo. Esquecemos porém que
as primeiras pessoas que receberam e usaram esse salmo não tinham a menor ideia
acerca de jesus. Eles vinham sim o rei de Judá, da linhagem real de Davi, como
figura chave nesse salmo, Dado o nível de revelação que eles tinham em sua
época. Os apóstolos por sua vez, estiveram no período ápice da revelação divina
e o Espirito Santo pode abrir seus olhos afim de que eles enxergassem o
messias, Jesus no caso.
Esse salmo
é uma da várias peças reais escritas no período áureo da monarquia de Judá e
Israel (que foi de 1010 A.C. a 587 A.C). Nessa peça vemos a benção de um
sacerdote sobre o rei da linhagem de Davi que se prepara para uma guerra.
Apesar de ter em seu titulo “um salmo de Davi”, é certo que não foi Davi quem
escreveu este salmo. O verso 1 deixa claro que uma terceira pessoa fala que
Deus, o primeiro senhor, faz promessas ao rei, o segundo senhor. Essa terceira pessoa ministra as bênçãos divinas
sobre o rei. A expressão hebraica no topo desse salmo, em hebraico, pode ser
traduzida tanto “de Davi” como “para Davi”. No contexto do salmo, obviamente a
tradução correta seria “para Davi”. Ou uma melhor tradução, conforme o contexto
sugere, para o rei davidico, ou da linhagem de Davi, como algumas versões
contemporâneas já fazem. Em suas expressões, esse salmo se aproxima muito do
salmo 72. Podendo ter sido composto assim para Salomão em 960 A.C. Porém o
reinado de Salomão foi um reinado predominantemente pacífico, havendo ameaças
de guerras somente em seu final e devido a apostasia de Salomão, o que seria
incoerente com a ideia do salmo. Todavia se levarmos em conta o longo período
de paz que Salomão gozou em seu reinado, poderíamos ver sim esse salmo dentro
do contexto de seu reinado. Sendo essa poesia uma expressão desse período de
prosperidade e paz. Mas, independe da data pontual em que ele foi escrito, está
claro que um sacerdote ou um profeta ministra a benção sobre um rei da linhagem
de Davi, que se prepara para sair à frente de seu exercito, para uma batalha.
COMENTÁRIO.
Deus é o
grande general a frente do exercito. O
salmo inicia com o sacerdote indicando que Deus é quem toma a frente do
exercito do rei e resolve comandar a batalha:
O Senhor disse ao meu Senhor:
"Senta-te à minha direita
Até que eu faça dos teus inimigos
Deus
literalmente diz para o rei: “se assente que eu vou lutar contra o seus
inimigos”. O rei é colocado em lugar de destaque, a direita de Deus, e é
convidado a contemplar o Senhor dos exércitos em plena atividade lutando contra
o exercito inimigo. Tudo que o rei tem que fazer e descansar e assistir o
Senhor pelejar por ele.
O exercito
do rei sai do monte Sião em direção ao campo de batalha. Deus coloca o cetro da
autoridade divina nas mãos do rei para governar todas as regiões ao redor.
O Senhor estenderá o cetro de teu poder
desde Sião,
e dominarás sobre os teus inimigos!
Através
das palavras do sacerdote, podemos ver a imagem de YHWH, o Deus todo poderoso,
estendendo seu cetro, como faziam os reis no oriente antigo, e ordenando ao rei
descendente de Davi: “Domine todos os seus inimigos”. Estava declara profeticamente
a vitória do rei sobre todos os inimigos do povo de Deus.
A benção
divina sobre o rei atrai um numeroso exercito que voluntariamente se apresenta
para lutar ao lado do rei:
Quando convocares as tuas tropas,
O teu povo se apresentará voluntariamente.
Trajando vestes santas,
Desde o romper da alvorada os teus jovens
virão como o orvalho.
Os
moradores de Jerusalém vêm a presença de Deus na vida de seu monarca, e atendem a convocação do rei se apresentando voluntariamente para a grande batalha. Eles confiam no Senhor
dos exércitos que não irá desamparar o seu rei. A benção sacerdotal projeta o
exercito de Israel como sacerdotes e levitas que executam a vontade divina.
Eles são descritos como “trajando vestes
santas”, literalmente significa vestes de sacerdotes. Prontos e precisos se
apresentam como o orvalho que vem com a brisa do fim da tarde. Um exército formado
por jovens valorosos que seguem seu amado rei. O rei é descrito como um
sacerdote a frente do exército, visto que os seus soldados são descritos como
quem usam vestes santas:
Jurou o Senhor, e não se arrependerá:
Tu és um sacerdote eterno,
Segundo a ordem de Melquisedeque.
Salmo 110.4
Melquisedeque é uma figura
muito famosa no A.T. Ele era tanto rei de salém como sacerdote (Gn 14.18-20). Tal fato era
proibido em Israel, estava vedado ao rei o oficio sacerdotal. Mas dentro de uma
licença poética o salmista pinta o rei como um representante de divino e o
descreve através da figura de Melquisedeque a quem Abrão oferece seus dízimos e
prestou reverencia. No novo testamento, no ápice da revelação divina, O escritor
aos Hebreus logo reconhece essa imagem na pessoa de Cristo Jesus (Hb todo
capitulo 7)
O senhor Luta as batalhas
daqueles que são fiéis a ele:
O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no
dia da sua ira.
Julgará entre os gentios;
Tudo encherá de corpos mortos;
Ferirá os cabeças de muitos países.
Salmo 110.5,6
Em um verdadeiro exagero
poético o sacerdote poeta vê Toda a terra subjugada ao rei descendente de Davi.
Mas que um exagero é uma profecia que será cumprida na figura de Jesus. O senhor
subjugará todas as nações aos seus pés.
Após cumprir a vontade de
YHWH de estender as fronteiras do reino de Deus, o rei pode quebrar seu Jejum e
beber água das fontes que estavam no caminho.
Beberá do ribeiro no caminho,
Por isso exaltará a cabeça.
O ato de beber água nas terras inimigas é descrito como um
ato de bravura e coragem (1 Cr 11.17-19). Assim o rei torna pública a benção
divina por ter vencido a guerra “bebendo a água da fonte do inimigo na presença
de todo seu exercito”. Esse ato público e um sinal de triunfo por parte do rei
vitorioso e uma humilhação para tropa inimiga.
CONCLUSÃO
Esse salmo
humanamente é produto das bênçãos ministradas sobre os reis da linhagem de Davi
que saiam para guerrear. Jerusalém é visto como a capital do reino de Deus e o
rei o representante legal de Deus na terra. Mas esse salmo também é uma
profecia acerca do reino do messias de Deus: Jesus Cristo. Que um dia raiará
nas nuvens cercado por seu exercito celestial e implantará o seu reino milenial
entre os homens sendo ele mesmo sacerdote e rei para Toda humanidade. As bênçãos
desse salmo podem ser estendidas as nossas vidas também, pois a cada dia
enfrentamos batalhas pessoais. Devemos ter em mente que Deus também tem interesse
em nas nossas batalhas diárias. Devemos crer que o Senhor também está ao nosso
Lado no dia a dia e durante as duras lutas que enfrentamos a nível pessoal.
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