segunda-feira, 5 de outubro de 2015

SALMO 26: Uma vida inteiramente dedicada a Deus.

SALMO 26: Uma vida inteiramente dedicada a Deus.

Julga-me, SENHOR,
Pois tenho andado em minha sinceridade;
Tenho confiado também no SENHOR;
Não vacilarei.

Examina-me, Senhor,
E prova-me;
Esquadrinha os meus rins
E o meu coração.

Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos;
E tenho andado na tua verdade.
Não me tenho assentado com homens vãos,
Nem converso com os homens dissimulados.
Tenho odiado a congregação de malfeitores;
Nem me ajunto com os ímpios.

Lavo as minhas mãos na inocência;
E assim andarei, Senhor,
Ao redor do teu altar.
Para publicar com voz de louvor,
E contar todas as tuas maravilhas.

Senhor, eu tenho amado a habitação da tua casa
E o lugar onde permanece a tua glória.
Não apanhes a minha alma com os pecadores,
Nem a minha vida com os homens sanguinolentos,
Em cujas mãos há malefício,
E cuja mão direita está cheia de subornos.
Mas eu ando na minha sinceridade;
Livra-me e tem piedade de mim.

O meu pé está posto em caminho plano;
Nas congregações louvarei ao Senhor.
Salmos 26:1-12



EXPOSIÇÃO


A história do Israel bíblico confunde-se com a história de sua religião. Para um Israelita do período alcançando pelo antigo testamento não havia divisão entre vida religiosa e vida social como é comum entre muitos cristão nos dias atuais. Não havia laicismo. A vida religiosa e a vida social se entrelaçavam de tal maneira que era difícil distinguir uma da outra. O Salmo 26 é uma prova do que estamos comentando. Nesse salmo não há dicotomia ou polarização entre a vida social e a vida religiosa, Mas ambas estão unidas em uma só. Essa é a vida do adorador de YHWH, o Senhor.  O Senhor bem conhece a vida de um verdadeiro servo seu. Assim o salmista declara com muita fé:

Julga-me, SENHOR,
Pois tenho andado em minha sinceridade;
Tenho confiado também no SENHOR;
Não vacilarei.

“Jugar” no contexto significa verificar de forma objetiva, observar. O salmista tem confiança e fé que Deus conhecia sua sinceridade e integridade na sua maneira de viver. Assim ele continua e repete a ideia inicial através do paralelismo, primeiro sinomico, depois sintético:

Examina-me, Senhor,
E prova-me;
Esquadrinha os meus rins
E o meu coração.

O argumento do salmista é simples. É impossível negar a bondade do Senhor:

Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos;
E tenho andado na tua verdade.

Por consequência dessa bondade de YHWH, o salmista sentia-se agradecido e sua vida moral integra era a forma que ele tinha para expressar essa gratidão:

Não me tenho assentado com homens vãos,
Nem converso com os homens dissimulados.
Tenho odiado a congregação de malfeitores;
Nem me ajunto com os ímpios.

A fórmula do salmista é bastante simples, toda sua vida moral era uma forma de agradecer as beneficências do Senhor. Essa fórmula não caiu em desuso. Pelo contrário ainda está em voga e é bastante simples para qualquer cristão contemporâneo. Continua o salmista, numa das expressões mais belas desse salmo: 

Lavo as minhas mãos na inocência;
E assim andarei, Senhor,
Ao redor do teu altar.

Andar no contexto que o salmo oferece significa “maneira de viver”. Parafraseando o texto temos: “viverei a minha vida como que vive ao redor do teu altar”. O altar do senhor é um lugar de santidade, sacrifício e devoção. O salmista declara que no centro das suas escolhas e de seu modo de viver está o altar do Senhor. Tal declaração é fascinante. Ter uma vida que, em todos os sentidos da palavra, que orbita em torno do altar de YHWH, como um satélite que orbita ao redor do astro rei, refletindo o seu brilho. Assim o salmista continua:

Para publicar com voz de louvor,
E contar todas as tuas maravilhas.

A palavra publicar é usada para traduzir a palavra hebraica “sãmá”. Essa raiz no hebraico tem várias conotações e poder ser traduzida de forma literal como ouvir ou apregoar. Mas essa palavra traz também a extensão semântica "de uso de inteligência", como ouvir com atenção, ou fazer um proclamação em meio a uma assembleia pública de forma clara e objetiva. Mas a raiz “sãmá” e complementada com a expressão “qôl tôdhãh”, traduzida como "voz de louvor", Mas traduzida Literalmente diz: “uma confissão em voz alta”. “qôl” significa voz alta ou um barulho com a finalidade de atrair a atenção. “todhãh” tem sentido literal de uma confissão pública e sentido figurado de louvor. O tradutor do texto que nós escolhemos optou por uma tradução figurada dessa expressão. Porém ela poderia ser traduzida literalmente como “confissão pública”. Em sua raiz, também está a ideia de uma manifestação visível e prática, como o ato de estender as mãos num culto de adoração pulblica, Ou seja, tornar visível o louvor. Assim o salmista manifesta através de sua vida a gloria do Senhor. Não através de uma simples crença religiosa. Mas através de uma confissão diária mediante de seus atos e de sua vida cotidiana. Um som de louvor que emerge através de seu comportamento integro e sincero diante do Senhor.  

Ele continua e faz uma declaração de amor ao santo templo.

Senhor, eu tenho amado a habitação da tua casa
E o lugar onde permanece a tua glória.

Ele declara o seu amor ao templo, porque lá estava a gloria do Senhor. A presença que o fortalece moralmente para viver uma vida integra diante de YHWH.

O salmista clama para que o Senhor tenha misericórdia de sua alma e não a confunda com a dos pecadores.

Não apanhes a minha alma com os pecadores,
Nem a minha vida com os homens sanguinolentos,
Em cujas mãos há malefício,
E cuja mão direita está cheia de subornos.
Mas eu ando na minha sinceridade;
Livra-me e tem piedade de mim.

              O salmista conclui a canção da integridade declarando que seus caminhos estão aplainados, não á desvios.

O meu pé está posto em caminho plano;
Nas congregações louvarei ao Senhor.

A conclusão desse salmo mostra mais uma vez que não havia dicotomia entre a vida social e sua vida religiosa. Perceba o paralelo final que ele faz entre o “seu caminho” e “as congregações do Senhor”. Congregações aqui significa festividades religiosas, como a pascoa ou a festa dos tabernáculos. Festas de cunho tanto religioso como social. A vida do verdadeiro adorador do Senhor e servo seu não pode ter polarização entre vida social e religiosa. Vida particular e espiritual, vida no trabalho e vida na igreja. Mas a vida do cristão deve ser plena e centrada no altar de Deus.  Que o Senhor nos ajude a ter uma vida integralmente consagrada a ele onde quer que estejamos.

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