quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Nosso livro sobre o salmo 26.

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SALMO 26: DAVI NO BANCO DOS RÉUS.
UM COMENTÁRIO EXEGÉTICO E DEVOCIONAL DO SALMO 26.

(Série SENSÍVEIS SALMOS)


São 116 páginas só sobre o salmo 26. Há explicações sobre o contexto histórico, sobre a autoria, sobre o gênero que ele pertence, também uma abordagem a partir do hebraico e as várias formas que ele pode ser interpretado. Além disso há um comentário devocional muito bom.

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sexta-feira, 10 de maio de 2019

SALMO 24: BUSCANDO A JUSTIÇA DE DEUS NO SEU TEMPLO.


SALMO 24: BUSCANDO A JUSTIÇA DE DEUS NO SEU TEMPLO.


1 Um salmo de Davi:

   Do SENHOR é a terra e tudo o que nela existe,
   O mundo e os seus habitantes.

2 Ele próprio fundou-a sobre os mares
   E firmou-a sobre os rios.

3 Quem pode subir ao monte do SENHOR?
   Quem pode ficar de pé no seu santo lugar?

4 Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro,
   E não se entrega à mentira,
   Nem age com falsidade.

5 Este receberá do SENHOR a bênção,
   e Deus, o seu Salvador, lhe fará justiça.

6 Estes são aqueles que o buscam,
   Que procuram a tua face como Jacó, ó Deus.

7 Levantai, ó portas, os vossos frontões;
   Abram-se, ó antigos portais, para que entre o Rei da Glória!

8 Quem é o Rei da Glória?
  É o Eterno, o poderoso e valente.
  Deus forte, o bravo das guerras.

9 Levantai, ó portas, os vossos frontões;
   Abram-se, ó antigos portais, para que entre o Rei da Glória!

10 Quem é o Rei da Glória?
      É o SENHOR dos Exércitos: Ele é o Rei da Glória!


INTRODUÇÃO

A tradição incorporada ao salmo atribui sua autoria a Davi. Sendo Assim esse salmo deve ter sido escrito por volta do século X a.C. Alguns defendem que ele tenha sido escrito na ocasião em que Davi levou a arca para Jerusalém como descrito em 2 Sm 6. Porém, no texto do próprio salmo isso não é evidente, pois não há nenhum elemento, ou citação direta, ou mesmo indireta, nele que confirme essa hipótese. Essa ideia na verdade ganhou força após a reforma protestante que gerou o vício injustificado de atribuir muitos salmos a vida de Davi e a eventos específicos descritos nos livros de Samuel, reis e crônicas. Mas são poucos os salmos que descrevem a situação históricas nas quais foram compostos. Para determinar o contexto histórico de um salmo, devemos buscar indícios e evidencias no próprio salmo e não em textos externos a ele. No 24 não há evidencias de um momento histórico especifico, Mas indícios que o liga as tradições relacionadas ao templo erguido por Salomão, como podemos ver no verso 3 em que é citado o monte do Senhor, provavelmente Sião onde estava erguido o templo, embora alguns entendem que o monte do Senhor aqui é uma alusão ao Sinai o monte ao qual Deus entregou as tabuas da lei a Moises durante o Êxodo. No verso 6 há referência a uma geração, povo ou raça no caso, que busca o Senhor o que pode fazer referência as grandes caravanas de peregrinos que vinham a Jerusalém por conta das festas sagradas. Também a referência as portas sagradas, no v.7, que podem facilmente ser entendidas como as portas de Jerusalém ou mesmo as colunas do templo. A pergunta Chave no verso 3 pode ser decisiva para entendemos qual o contexto histórico desse salmo. “Quem Subirá ao monte do Senhor?”. Essa expressão pode fazer referência a uma pergunta de efeito moral feita aos peregrinos que vinham a Jerusalém por ocasião das celebrações religiosas, para que eles refletissem sobre o verdadeiro significado de servir ao Senhor. Mas também pode ser alusiva ao evento do monte Sinai descrito no livro de Êxodo no qual Deus se revelou de forma sobre natural e só Moisés pode subir ao monte ao encontro do Senhor. Mas, se pensarmos bem, Havia duas festividades em que essas referencias e hipóteses convergem:  A festa da Páscoa e a Festa dos tabernáculos, ambas relembravam a saída do Egito, a peregrinação de Israel durante 40 anos no deserto e o recebimento da lei, que terá trechos citados direta ou indiretamente nessa canção partindo das tradições deuteronômicas. Se Davi realmente escreveu esse Salmo, possivelmente ele o fez para atrair a atenção do povo para o templo que substituiria o tabernáculo na adoração a IWHW. Podemos concluir então:

AUTORIA: Davi

DATA: Século X a.C.


CONTEXTO HISTÓRICO: Esse salmo foi escrito para se usado na festa da Páscoa ou na festa dos Tabernáculos para legitimar o templo em Jerusalém como novo local de culto ao Deus de Israel em substituição a tenda sagrada.




COMENTÁRIO.


Davi começa seu poema fundamentando a moral divina no direito legal que o senhor tem de criador de todas as coisas, assim como Moisés o faz. Então logo ele abre seu poema com clausula de deuteronômio:


“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe,
O mundo e os que nele vivem.
Pois foi ele quem fundou-a sobre os mares
E firmou-a sobre as águas” Salmos 24:1-2


No versículo 1 Davi faz uma citação direta de deuteronômio capitulo 10.14 que afirma:


“Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há.” Deuteronômio 10:14

Esse salmo faz uma referência direta ao livro de deuteronômios. Perceba o questão da moralidade abordada nele e compare com os versículos de 14 ao 21 do capitulo 10.

Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão-somente o Senhor se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos como neste dia se vê. Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz. Pois o SENHOR vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito. Ao Senhor teu Deus temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás. Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e terríveis coisas que os teus olhos têm visto.


É clara a referência desse salmo a este capítulo de deuteronômio. Davi tenta reproduzir no seu poema a sentença deuteronômica “do Senhor é o céus e sua plenitude”. Juntamente, Esse belo Salmo inicia com uma breve alusão a Criação, Exaltando o Senhor como criador do mundo. Nas festas sagradas era muito comum rememorar as histórias contidas nos livros da Lei. As narrativas de Criação eram constantemente relembradas pelo imaginário popular através das histórias contadas pela oralidade popular e dos cânticos entoados. Assim esse salmo bebe dessas fontes que citam e interpretam os livros da Lei.
Com a declaração legal de Deus como dono de toda a terra, Davi introduz o direito e a moral divina em seu poema, Ou seja, toda ética universal e direito legal emana direto de Deus. Ele também Faz referência a Sião, o monte santo, que na época de Davi serviria como local de construção do santo templo. O templo seria o lugar onde o nome do Senhor seria invocado e glorificado. Davi não chegou a presenciar a construção do Templo sobre o monte Sião. A tarefa de construção do templo foi incumbida a Salomão seu herdeiro. Porém Davi exige daqueles que subiriam ao santo monte para adorar o santo nome do senhor, quando o templo estivesse erguido, Um caráter moral irrepreensível. Assim ele escreve:


Quem subirá ao monte do Senhor?
Ou quem estará no seu lugar santo?
Aquele que é limpo de mãos e puro de coração,
Que não entrega a sua alma à vaidade,
Nem jura enganosamente. Salmos 24:3-4


A expressão acima evoca tanto no público primitivo quanto no público contemporâneo uma resposta, um posicionamento, diante de um Deus tão Santo. É uma clara referência a Ex 19.10, quando o Senhor ordena ao povo que se Santifique para que o encontre ao pé do monte Sinai para que recebessem a lei. Mas também vemos uma ressignificação na ordem original dada em Êxodo. Pois, nesse poema, 3 coisas especificas são exigidas para se ter acesso a presença gloriosa do Senhor: Mãos limpas, pureza de coração e cumprimento dos juramentos.
O caráter moral irrepreensível era a condição básica para o adorador ir ao santo templo e lá, receberia as bênçãos divinas. Naquele santo local escolhido pelo Senhor, o servo de Deus poderia levar todas as suas causas Jurídicas afim de obter solução de suas pendencias. O templo seria o Local onde a justiça deveria ser exercida como um verdadeiro tribunal, Um juizado especial de Justiça divina. O salmista afirma:


Este receberá a bênção do Senhor
E a justiça do Deus da sua salvação.


Como a lei ordenava, conforme escrito em Deuteronômio 16.18, as portas das cidades deveriam ser transformadas em tribunais públicos onde as causas dos Israelitas deveriam ser jugadas pelos Levitas e pelos sacerdotes:

Juízes e oficiais porás nos portões de todas as tuas cidades que o Senhor teu Deus te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça. Deuteronômio 16.18

Porém as causas difíceis Deveriam ser levadas a um lugar especifico onde o próprio Deus escolheria:

“Quando alguma coisa te for difícil demais em juízo, entre sangue e sangue, entre demanda e demanda, entre ferida e ferida, em questões de litígios nas tuas portas, então te levantarás, e subirás ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; E virás aos sacerdotes levitas, e ao juiz que houver naqueles dias, e inquirirás, e te anunciarão a sentença do juízo. E farás conforme ao mandado da palavra que te anunciarem no lugar que escolher o Senhor; e terás cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinarem.” Deuteronômio 17:8-10

          O templo foi o Lugar onde O senhor escolheu para por ali o seu nome:

Estejam os teus olhos voltados dia e noite para este templo, lugar do qual disseste que nele porias o teu nome, para que ouças a oração que o teu servo fizer voltado para este lugar. 

Assim as portas do templo santo tornar-se-ia o Local onde as causas difíceis ao homens seriam levadas afim de serem resolvidas. As portas do templo teriam um destaque importantíssimo como o tribunal de causas difíceis e impossíveis. Assim Davi anuncia o grande Juiz de toda terra que é Justo e não pode ser corrompido:

Levantai, ó portas, as vossas cabeças;
Levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
Quem é este Rei da Glória?
O Senhor forte e poderoso,
O Senhor poderoso na guerra.
Levantai, ó portas, as vossas cabeças,
Levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos,
Ele é o Rei da Glória
Salmos 24:7-10

   As portas que eram uma espécie de tribunal supremo para os Israelitas dos tempos bíblicos. Elas São convidadas Poeticamente por Davi a levantarem as faces e contemplarem o Grande Juiz, a fonte de toda moral. 
Historicamente, os Portais (ou portas) das cidades, ou dos templo, no antigo oriente eram o local onde estavam postos os tribunais públicos e onde se julgava todo o tipo de pendências judiciais, além atestações, emissão de certificados e testemunho de compra e venda de produtos diversos. Por exemplo, Josias foi apresentado legalmente como rei as portas do templo:

E os da guarda se puseram, cada um com as armas na mão, desde o lado direito da casa até ao lado esquerdo da casa, do lado do altar, e do lado da casa, em redor do rei. Então Joiada fez sair o filho do rei, e lhe pôs a coroa, e lhe deu o testemunho; e o fizeram rei, e o ungiram, e bateram as palmas, e disseram: Viva o rei!  E Atalia, ouvindo a voz dos da guarda e do povo, foi ter com o povo, na casa do Senhor.

Nas portas também eram onde ficava as feiras livres e o comercio de diversas mercadorias. Assim os pórticos das cidades eram o lugar de grande fluxo de pessoas. É provável que o autor do salmo tivesse em mente a imagem de um rei que atravessando as portas da cidade e todas as pessoas que ali estivessem contemplando seu rei triunfante. A expressão levantais o portas vossas cabeças seria uma expressão que tomaria a parte pelo todo, ou seja uma metonímia. Outra opção é supor que os portais eternos sejam alusivas as duas colunas principiais do templo, Jaquim e Boaz (2 Rs 7.21). Essas colunas tinham esses dois nomes escritos que serviam de testemunho. A imagem nesse caso seria uma metafórica e hiperbólica na qual até essas duas colunas prestariam referência diante de Deus.


CONCLUSÃO


Com esse salmo Davi procura mostrar o santo templo, que seria erguido futuramente por Salomão seu filho, como o local onde o grande Juiz jugaria as causas difíceis dos homens. O templo seria o local onde as grandes caravanas de peregrinos viriam, por ocasião das festas da Páscoa e da festividade dos Tabernáculos, buscar a justiça de Deus e a solução de seus problemas pessoais. Porém também era exigido que esses peregrinos correspondessem com santidade, pureza de coração e honestidade a santidade de Deus. Partindo de uma visão neo testamentária, podemos ver a figura de Jesus glorificando entrando em Jerusalém Celeste, triunfante sendo glorificado por uma multidão de anjos.