SALMO 26: Uma vida inteiramente dedicada
a Deus.
Julga-me,
SENHOR,
Pois tenho
andado em minha sinceridade;
Tenho
confiado também no SENHOR;
Não
vacilarei.
Examina-me,
Senhor,
E prova-me;
Esquadrinha
os meus rins
E o meu
coração.
Porque a tua
benignidade está diante dos meus olhos;
E tenho
andado na tua verdade.
Não me tenho assentado com homens vãos,
Não me tenho assentado com homens vãos,
Nem converso
com os homens dissimulados.
Tenho odiado a congregação de malfeitores;
Tenho odiado a congregação de malfeitores;
Nem me ajunto
com os ímpios.
Lavo as
minhas mãos na inocência;
E assim
andarei, Senhor,
Ao redor do
teu altar.
Para publicar com voz de louvor,
Para publicar com voz de louvor,
E contar
todas as tuas maravilhas.
Senhor, eu
tenho amado a habitação da tua casa
E o lugar
onde permanece a tua glória.
Não apanhes a minha alma com os pecadores,
Não apanhes a minha alma com os pecadores,
Nem a minha
vida com os homens sanguinolentos,
Em cujas mãos
há malefício,
E cuja mão
direita está cheia de subornos.
Mas eu ando na minha sinceridade;
Mas eu ando na minha sinceridade;
Livra-me e
tem piedade de mim.
O meu pé está
posto em caminho plano;
Nas
congregações louvarei ao Senhor.
Salmos 26:1-12
Salmos 26:1-12
EXPOSIÇÃO
A história do
Israel bíblico confunde-se com a história de sua religião. Para um Israelita do
período alcançando pelo antigo testamento não havia divisão entre vida
religiosa e vida social como é comum entre muitos cristão nos dias atuais. Não
havia laicismo. A vida religiosa e a vida social se entrelaçavam de tal maneira
que era difícil distinguir uma da outra. O Salmo 26 é uma prova do que estamos
comentando. Nesse salmo não há dicotomia ou polarização entre a vida social e a
vida religiosa, Mas ambas estão unidas em uma só. Essa é a vida do adorador de
YHWH, o Senhor. O Senhor bem conhece a vida de um verdadeiro servo seu. Assim o
salmista declara com muita fé:
Julga-me, SENHOR,
Pois tenho andado em minha sinceridade;
Tenho confiado também no SENHOR;
Não vacilarei.
“Jugar” no contexto significa
verificar de forma objetiva, observar. O salmista tem confiança e fé que Deus
conhecia sua sinceridade e integridade na sua maneira de viver. Assim ele
continua e repete a ideia inicial através do paralelismo, primeiro sinomico, depois sintético:
Examina-me, Senhor,
E prova-me;
Esquadrinha os meus rins
E o meu coração.
O argumento do salmista é
simples. É impossível negar a bondade do Senhor:
Porque a tua benignidade está diante dos
meus olhos;
E tenho andado na tua verdade.
Por consequência dessa
bondade de YHWH, o salmista sentia-se agradecido e sua vida moral integra era a
forma que ele tinha para expressar essa gratidão:
Não me tenho assentado com homens vãos,
Nem converso com os homens dissimulados.
Tenho odiado a congregação de malfeitores;
Tenho odiado a congregação de malfeitores;
Nem me ajunto com os ímpios.
A fórmula
do salmista é bastante simples, toda sua vida moral era uma forma de agradecer
as beneficências do Senhor. Essa fórmula não caiu em desuso. Pelo contrário
ainda está em voga e é bastante simples para qualquer cristão contemporâneo.
Continua o salmista, numa das expressões mais belas desse salmo:
Lavo as minhas mãos na inocência;
E assim andarei, Senhor,
Ao redor do teu altar.
Andar no
contexto que o salmo oferece significa “maneira de viver”. Parafraseando o
texto temos: “viverei a minha vida como que vive ao redor do teu altar”. O altar
do senhor é um lugar de santidade, sacrifício e devoção. O salmista declara que
no centro das suas escolhas e de seu modo de viver está o altar do Senhor. Tal
declaração é fascinante. Ter uma vida que, em todos os sentidos da palavra, que orbita em torno do altar de YHWH, como um satélite que orbita ao redor do astro
rei, refletindo o seu brilho. Assim o salmista continua:
Para publicar com voz de louvor,
E contar todas as tuas maravilhas.
A palavra publicar
é usada para traduzir a palavra hebraica “sãmá”. Essa raiz no hebraico tem
várias conotações e poder ser traduzida de forma literal como ouvir ou
apregoar. Mas essa palavra traz também a extensão semântica "de uso de inteligência", como ouvir com atenção, ou fazer um proclamação em meio a uma assembleia pública de
forma clara e objetiva. Mas a raiz “sãmá” e complementada com a expressão “qôl
tôdhãh”, traduzida como "voz de louvor", Mas traduzida Literalmente diz: “uma confissão
em voz alta”. “qôl” significa voz alta ou um barulho com a finalidade de
atrair a atenção. “todhãh” tem sentido literal de uma confissão pública e sentido
figurado de louvor. O tradutor do texto que nós escolhemos optou por uma
tradução figurada dessa expressão. Porém ela poderia ser traduzida literalmente
como “confissão pública”. Em sua raiz, também está a ideia de uma manifestação visível
e prática, como o ato de estender as mãos num culto de adoração pulblica, Ou seja,
tornar visível o louvor. Assim o salmista manifesta através de sua vida a
gloria do Senhor. Não através de uma simples crença religiosa. Mas através de
uma confissão diária mediante de seus atos e de sua vida cotidiana. Um som de
louvor que emerge através de seu comportamento integro e sincero diante do
Senhor.
Ele
continua e faz uma declaração de amor ao santo templo.
Senhor, eu tenho amado a habitação da tua
casa
E o lugar onde permanece a tua glória.
Ele declara o seu amor ao
templo, porque lá estava a gloria do Senhor. A presença que o fortalece
moralmente para viver uma vida integra diante de YHWH.
O salmista clama para que o
Senhor tenha misericórdia de sua alma e não a confunda com a dos pecadores.
Não apanhes a minha alma com os pecadores,
Nem a minha vida com os homens
sanguinolentos,
Em cujas mãos há malefício,
E cuja mão direita está cheia de subornos.
Mas eu ando na minha sinceridade;
Mas eu ando na minha sinceridade;
Livra-me e tem piedade de mim.
O salmista conclui a canção da integridade declarando que
seus caminhos estão aplainados, não á desvios.
O meu pé está posto em caminho plano;
Nas congregações louvarei ao Senhor.
A
conclusão desse salmo mostra mais uma vez que não havia dicotomia entre a vida
social e sua vida religiosa. Perceba o paralelo final que ele faz entre o “seu
caminho” e “as congregações do Senhor”. Congregações aqui significa
festividades religiosas, como a pascoa ou a festa dos tabernáculos. Festas de
cunho tanto religioso como social. A vida do verdadeiro adorador do Senhor e
servo seu não pode ter polarização entre vida social e religiosa. Vida particular
e espiritual, vida no trabalho e vida na igreja. Mas a vida do cristão deve ser
plena e centrada no altar de Deus. Que o
Senhor nos ajude a ter uma vida integralmente consagrada a ele onde quer que
estejamos.
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