UM POEMA NA DOENÇA. (SALMO 39)
Eu disse:
Vigiarei a minha conduta
e não pecarei em palavras;
porei mordaça em minha boca
enquanto os ímpios estiverem na minha presença.
Enquanto me calei resignado,
e me contive inutilmente,
minha angústia aumentou.
Meu coração ardia-me no peito e,
enquanto eu meditava,
o fogo aumentava;
então comecei a dizer:
Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida
e o número dos meus dias,
para que eu saiba quão frágil sou.
Deste aos meus dias o comprimento de um palmo;
a duração da minha vida é nada diante de ti.
De fato, o homem não passa de um sopro. Pausa
Sim, cada um vai e volta como a sombra.
Em vão se agita,
amontoando riqueza sem saber quem ficará com
ela.
Mas agora, Senhor,
que hei de esperar?
Minha esperança está em ti.
Livra-me de todas as minhas transgressões;
não faças de mim um motivo de zombaria dos
tolos.
Estou calado!
Não posso abrir a boca,
pois tu mesmo fizeste isso.
Afasta de mim o teu açoite;
fui vencido pelo golpe da tua mão.
Tu repreendes e disciplinas o homem
Tu repreendes e disciplinas o homem
por causa do seu pecado;
como traça destróis o que ele mais valoriza;
de fato, o homem não passa de um sopro. Pausa
Ouve a minha oração, Senhor;
escuta o meu grito de socorro;
não sejas indiferente ao meu lamento.
Pois sou para ti um estrangeiro,
como foram todos os meus antepassados.
Desvia de mim os teus olhos,
Desvia de mim os teus olhos,
para que eu volte a ter alegria,
antes que eu me vá e deixe de existir.
Este salmo é um poema que trata
da fragilidade da natureza humana. Ele tenta conduzir o leitor a uma
autorreflexão. Sua epigrafe faz referência de como esse salmo deveria ser
cantado (essa epigrafe é parte integrante do salmo como pode ser visto na
septuaginta, sendo o 1º versículo desse salmo). Ele deveria ser entoado ao
estilo de Jedutum, ou seja, deveria ser solado por jedutum, que era conhecido
como o “profeta de Davi” (2 Cr 35.15), ou o porta voz de Davi. Jedutum o grande
solista do rei Davi tinha a incumbência de traduzir e interpretar este salmo
que para nós hoje junto com o salmos 38, 40 e 41 são conhecidos como os salmos da doenças.
É possível perceber através desse salmo que Davi estava passando
por uma doença e que se Vê a beira da morte.
O grande servo do Senhor se viu
desamparado no leito de sua enfermidade. Aquele que era reconhecido como um
homem de fé estava prostrado de cama. Isso foi um prato cheio para que seus
inimigos tecessem comentários, duvidando da sua fé. Assim ele introduz os
primeiros versos do seu Poema:
“Eu
disse:
Vigiarei
a minha conduta
e
não pecarei em palavras;
porei
mordaça em minha boca
Davi se viu em uma encruzilhada.
Como falar dos feitos de seu Senhor e Deus se o próprio Davi estava enfermo e o
seu Senhor não Fazia nada, aparentemente, por ele. Davi seria motivo de
escarnio pelos ímpios que não entendia o trabalhar de Deus na vida dele. Assim Davi
prefere emudecer diante daquela comitiva de reis pagãos que vieram visitá-lo em sua enfermidade. Ele completa no verso
seguinte expressando outra grande frustração:
“Enquanto
me calei resignado,
e
me contive inutilmente,
Aquela atitude que parecia a
postura correta, ficar calado e se omitir, na verdade só piorou a situação.
Angustia de Davi só aumentou. Ele descreve esse sentimento no verso três.
“Meu
coração ardia-me no peito
e,
enquanto eu meditava,
o
fogo aumentava;
Ele descobriu que não deveria
ficar calado, deixando a amargura tomar conta de seu coração, mas deveria expor
sua angustia e seus sentimentos interior, ele conclui que deveria gritar e
clamar. Não aos reis ímpios que estavam ao seu redor, contemplando o em sua
enfermidade, Mas gritar e chamar por aquele que realmente o podia ajudar. Assim
ele começa sua oração ao Senhor:
“Mostra-me,
Senhor, o fim da minha vida
e
o número dos meus dias,
para
que eu saiba quão frágil sou.
Deste
aos meus dias o comprimento de um palmo;
a
duração da minha vida é nada diante de ti.
Ele dá início à o seu clamor expondo
a sua fragilidade ao senhor. Essa é a primeira grande tônica deste salmo: A
fragilidade e a fugacidade do ser humano. O ser humano é uma criatura
passageira como qualquer outra do mundo. A vida é curta, como um palmo, medição
dada pelas mãos do supremo criador. Assim em seu leito reflete sobre a brevidade
de seus.
O solo de Jedutum, reflete bem o caráter
auto reflexivo desse salmo.
Davi passa a meditar sobre os
pensamentos vãos do ser humano que passa boa parte da vida procurando juntar riquezas,
ficando ansioso e preocupado, mas na verdade ele mesmo não aproveitaria as riquezas
que ele lutou tanto para juntar:
Sim,
cada um vai e volta como a sombra.
Em
vão se agita,
Mas qual deveria ser a esperança
de Davi nesta vida, visto que sua vida passaria rapidamente? Ele questiona e
ele mesmo responde:
Mas
agora, Senhor,
que
hei de esperar?
A
esperança dele era o senhor. A fé no Deus vivo é quem o guiava nesta vida
Fugaz. Após demostrar sua grande fé ele introduz a segunda grande tônica desse
salmo: “Deus aproveita a situação de sofrimento do ser humano para a
aperfeiçoa-lo.”
Livra-me
de todas as minhas transgressões;
não
faças de mim um motivo de zombaria dos tolos.
Estou
calado!
Não
posso abrir a boca,
pois
tu mesmo fizeste isso.
Afasta de mim o teu açoite;
fui
vencido pelo golpe da tua mão.
Tu repreendes e disciplinas o homem
Tu repreendes e disciplinas o homem
por
causa do seu pecado;
como
traça destróis o que ele mais valoriza;
O primeiro passo dado por Davi
foi reconhecer a sua natureza pecaminosa. Reconhecer que ele errou foi o passo
dado por Davi para a cura de seu caráter. Mas do que a cura física, Davi antes
de tudo, precisava da cura interior manifesta em seu caráter.
O poema aproxima-se de seu fim
abrindo alas para o terceiro salmo da “quadrilogia dos salmos da doença”, o
salmo de número 40.
Ouve
a minha oração, Senhor;
escuta
o meu grito de socorro;
não
sejas indiferente ao meu lamento.
Pois
sou para ti um estrangeiro,
como
foram todos os meus antepassados.
Desvia
de mim os teus olhos,
para
que eu volte a ter alegria,
Se você
pensa que esse salmo encerra o pensamento poético do rei Davi está
profundamente enganado. O Salmo 40 é a resposta dada ao salmo 39. O salmista
canta a alegria de ter sido curado pelo senhor. Leia o salmo 40 para ter uma
ideia completa dos salmo 38 e 39.
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