quarta-feira, 18 de junho de 2014

UM POEMA NA DOENÇA. (SALMO 39)

UM POEMA NA DOENÇA. (SALMO 39)


Eu disse:
Vigiarei a minha conduta
e não pecarei em palavras;
porei mordaça em minha boca
enquanto os ímpios estiverem na minha presença.

Enquanto me calei resignado,
e me contive inutilmente,
minha angústia aumentou.

Meu coração ardia-me no peito e,
enquanto eu meditava,
o fogo aumentava;

então comecei a dizer:

Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida
e o número dos meus dias,
para que eu saiba quão frágil sou.

Deste aos meus dias o comprimento de um palmo;
a duração da minha vida é nada diante de ti.
De fato, o homem não passa de um sopro. Pausa

Sim, cada um vai e volta como a sombra.
Em vão se agita,
amontoando riqueza sem saber quem ficará com ela.

Mas agora, Senhor,
que hei de esperar?
Minha esperança está em ti.

Livra-me de todas as minhas transgressões;
não faças de mim um motivo de zombaria dos tolos.

Estou calado!
Não posso abrir a boca,
pois tu mesmo fizeste isso.

Afasta de mim o teu açoite;
fui vencido pelo golpe da tua mão.
Tu repreendes e disciplinas o homem
por causa do seu pecado;

como traça destróis o que ele mais valoriza;
de fato, o homem não passa de um sopro. Pausa

Ouve a minha oração, Senhor;
escuta o meu grito de socorro;
não sejas indiferente ao meu lamento.

Pois sou para ti um estrangeiro,
como foram todos os meus antepassados.
Desvia de mim os teus olhos,
para que eu volte a ter alegria,
antes que eu me vá e deixe de existir.



Este salmo é um poema que trata da fragilidade da natureza humana. Ele tenta conduzir o leitor a uma autorreflexão. Sua epigrafe faz referência de como esse salmo deveria ser cantado (essa epigrafe é parte integrante do salmo como pode ser visto na septuaginta, sendo o 1º versículo desse salmo). Ele deveria ser entoado ao estilo de Jedutum, ou seja, deveria ser solado por jedutum, que era conhecido como o “profeta de Davi” (2 Cr 35.15), ou o porta voz de Davi. Jedutum o grande solista do rei Davi tinha a incumbência de traduzir e interpretar este salmo que para nós hoje junto com o salmos 38, 40 e 41 são conhecidos como os salmos da doenças. 

É possível perceber através desse salmo que Davi estava passando por uma doença e que se Vê a beira da morte.
 O grande servo do Senhor se viu desamparado no leito de sua enfermidade. Aquele que era reconhecido como um homem de fé estava prostrado de cama. Isso foi um prato cheio para que seus inimigos tecessem comentários, duvidando da sua fé. Assim ele introduz os primeiros versos do seu Poema:

“Eu disse:
Vigiarei a minha conduta
e não pecarei em palavras;
porei mordaça em minha boca
enquanto os ímpios estiverem na minha presença.”
Salmos 39:1

Davi se viu em uma encruzilhada. Como falar dos feitos de seu Senhor e Deus se o próprio Davi estava enfermo e o seu Senhor não Fazia nada, aparentemente, por ele. Davi seria motivo de escarnio pelos ímpios que não entendia o trabalhar de Deus na vida dele. Assim Davi prefere emudecer diante daquela comitiva de reis pagãos que vieram visitá-lo  em sua enfermidade. Ele completa no verso seguinte expressando outra grande frustração:


“Enquanto me calei resignado,
e me contive inutilmente,
minha angústia aumentou.”
Salmos 39:2

Aquela atitude que parecia a postura correta, ficar calado e se omitir, na verdade só piorou a situação. Angustia de Davi só aumentou. Ele descreve esse sentimento no verso três.

“Meu coração ardia-me no peito
e, enquanto eu meditava,
o fogo aumentava;

então comecei a dizer:”
Salmos 39:3

Ele descobriu que não deveria ficar calado, deixando a amargura tomar conta de seu coração, mas deveria expor sua angustia e seus sentimentos interior, ele conclui que deveria gritar e clamar. Não aos reis ímpios que estavam ao seu redor, contemplando o em sua enfermidade, Mas gritar e chamar por aquele que realmente o podia ajudar. Assim ele começa sua oração ao Senhor:

“Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida
e o número dos meus dias,
para que eu saiba quão frágil sou.

Deste aos meus dias o comprimento de um palmo;
a duração da minha vida é nada diante de ti.
De fato, o homem não passa de um sopro.”
Salmos 39:4-5

Ele dá início à o seu clamor expondo a sua fragilidade ao senhor. Essa é a primeira grande tônica deste salmo: A fragilidade e a fugacidade do ser humano. O ser humano é uma criatura passageira como qualquer outra do mundo. A vida é curta, como um palmo, medição dada pelas mãos do supremo criador. Assim em seu leito reflete sobre a brevidade de seus.

O solo de Jedutum, reflete bem o caráter auto reflexivo desse salmo.


Davi passa a meditar sobre os pensamentos vãos do ser humano que passa boa parte da vida procurando juntar riquezas, ficando ansioso e preocupado, mas na verdade ele mesmo não aproveitaria as riquezas que ele lutou tanto para juntar:


Sim, cada um vai e volta como a sombra.
Em vão se agita,
amontoando riqueza sem saber quem ficará com ela.
Salmos 39:6

Mas qual deveria ser a esperança de Davi nesta vida, visto que sua vida passaria rapidamente? Ele questiona e ele mesmo responde:

Mas agora, Senhor,
que hei de esperar?
Minha esperança está em ti.
Salmos 39:7

A esperança dele era o senhor. A fé no Deus vivo é quem o guiava nesta vida Fugaz. Após demostrar sua grande fé ele introduz a segunda grande tônica desse salmo: “Deus aproveita a situação de sofrimento do ser humano para a aperfeiçoa-lo.”

Livra-me de todas as minhas transgressões;
não faças de mim um motivo de zombaria dos tolos.

Estou calado!
Não posso abrir a boca,
pois tu mesmo fizeste isso.

Afasta de mim o teu açoite;
fui vencido pelo golpe da tua mão.
Tu repreendes e disciplinas o homem
por causa do seu pecado;

como traça destróis o que ele mais valoriza;
de fato, o homem não passa de um sopro. Pausa
Salmos 39:8-11

O primeiro passo dado por Davi foi reconhecer a sua natureza pecaminosa. Reconhecer que ele errou foi o passo dado por Davi para a cura de seu caráter. Mas do que a cura física, Davi antes de tudo, precisava da cura interior manifesta em seu caráter.

O poema aproxima-se de seu fim abrindo alas para o terceiro salmo da “quadrilogia dos salmos da doença”, o salmo de número 40.

Ouve a minha oração, Senhor;
escuta o meu grito de socorro;
não sejas indiferente ao meu lamento.
Pois sou para ti um estrangeiro,
como foram todos os meus antepassados.

Desvia de mim os teus olhos,
para que eu volte a ter alegria,
antes que eu me vá e deixe de existir.
Salmos 39:12-13


Se você pensa que esse salmo encerra o pensamento poético do rei Davi está profundamente enganado. O Salmo 40 é a resposta dada ao salmo 39. O salmista canta a alegria de ter sido curado pelo senhor. Leia o salmo 40 para ter uma ideia completa dos salmo 38 e 39.

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