segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Salmo 42: A natureza do adorador.

Salmo 42: A natureza do adorador.

1        ASSIM como o cervo brama pelas correntes das águas,
          assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
2        A minha alma tem sede de Deus, 
         do Deus vivo; 
         quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
3        As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, 
         enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
4       Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; 
         pois eu havia ido com a multidão. 
        Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, 
        com a multidão que festejava.
5     Por que estás abatida, ó minha alma, 
      e por que te perturbas em mim? 
       Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.
6      Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; 
      por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, 
      e desde os hermonitas, 
      desde o pequeno monte.
7        Um abismo chama outro abismo, 
          ao ruído das tuas catadupas; 
          todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.
8       Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, 
         e de noite a sua canção estará comigo, 
        uma oração ao Deus da minha vida.
9     Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? 
       Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?
10   Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, 
       quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus?
11   Por que estás abatida, ó minha alma, 
       e por que te perturbas dentro de mim? 
      Espera em Deus, pois ainda o louvarei, 
      o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.


          Este salmo foi originalmente escrito pelos membros da família de Corá. Como a maioria das versões da bíblia para o português trazem em sua epigrafe. Muitos comentaristas salientam o fato dessa epigrafe ser muito antiga e remontar ao período da elaboração da septuaginta, entre o século I e III A.C.. A família de corá era uma das famílias levitas responsáveis pela manutenção do culto ao senhor.  Havia varias famílias de levitas que serviam no templo do senhor e se alternavam entre si, de forma rotativa, cada grupo familiar por um período de tempo. Encerrado esse período, outro grupo familiar assumia o serviço e assim por diante.  (Ler: I Crônicas 9:19 , I Cr 26.19, II Crônicas 20:19). Podemos ver o exemplo de Elcana pai de Samuel, que servia nesse modelo de ministério rotativo, e Zacarias pai de João batista. Esse salmo reflete esse processo de alternância e de mudança de turno. O poeta almeja que chegue logo a sua vez em servi a Deus no santo templo.
        


           É nesse contexto que podemos pintar numa tela o verdadeiro sentimento do salmista. O seu desejo de ir novamente com as procissões que iam a jerusalém por ocasião de alguma festa sagrada. Perceba os versículos:

2        A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; 
         quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
3       As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, 
        enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
4      Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; 
        pois eu havia ido com a multidão. 
       Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, 
        com a multidão que festejava.


         Veja a ansiedade do salmista em está na presença de Deus. É certo que ainda não estava no período em que o salmista se apresentaria e serviria ao senhor. Percebe que adorar nesse belo salmo é sinônimo servir e está na presença de Deus é trabalhar na sua obra. O primeiro aspecto da natureza do verdadeiro adorador é a ansiedade de servir a Deus, de está na sua presença. 

Adorar = serviço (trabalhar para o Senhor)


Outro versículo que chama a atenção é o primeiro.

1        ASSIM como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!



          Assim como no português o som característico de cada animal é definido por uma palavra, Latir é a palavra característica do som emitido por um cachorro e mugir de uma vaca, No hebraico também há uma palavra para o som característico de cada animal. No caso a palavra “brama” nesse salmo no original Hebraico é a palavra que distingue o som característico de um cervo fêmea, para poder na poesia fazer uma concordância de idéia com a palavra alma. Lembre que a cidade de Jerusalém tinha um problema de escassez de água. Era comum para os peregrinos que vinham a Jerusalém por ocasião das festas sagradas contemplarem animais como os cervos em gemidos escandalosos e desesperados de sede.  Assim é que o salmista descreve o seu desespero pela presença Deus. Era algo característico de sua natureza e uma questão de sobrevivência está na presença de Deus.
     
         Está na presença de Deus também era uma questão de honra. Como o salmista descreve nos versículo 9 e 10:

9       Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? 
         Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?
10     Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, 
          quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus?

       Sendo considerados inimigos aqueles que questionavam a o estado deprimido do salmista por ainda não ter chegado a hora em que iria a Jerusalém e servir ao senhor no templo. E essa era a grande esperança do salmista: chegaria o dia, chegaria a sua vez de Servir ao senhor no templo. Era esse o grande conforto do salmista.

“Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.”

       Esse lindo Salmo confronta o nosso conceito de louvar o senhor. Pelo nosso contexto cultural, achamos que louvar o senhor é apenas emitir cantos. Mas nesse Salmo percebemos que a expressão dos lábios na verdade deve ser a expressão do interior, O som característico daqueles que sentem em seu interior a necessidade de louvar a Deus. Também que louvar a Deus vai além, Servir a Deus também é louvá-lo.




             como a corça - Sergio Lopes

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