sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Salmo 113 - Louvando e reconhecendo a bondade de Deus.

Salmo 113 - Louvando e reconhecendo a bondade de Deus.

Prólogo: O convite a adoração.

1 Aleluia! Louvem, ó servos do Senhor,
Louvem o nome do Senhor!
2 Seja bendito o nome do Senhor,
Desde agora e para sempre!
3 Do nascente ao poente,
Seja louvado o nome do Senhor!

A soberania do Senhor sobre as nações

4 O Senhor está exaltado acima de todas as nações;
E acima dos céus está a sua glória.
5 Quem é como o Senhor, o nosso Deus,
Que reina em seu trono nas alturas,
6 mas se inclina para contemplar
O que acontece nos céus e na terra?

A fé que Deus erguerá novamente o seu povo.

7 Ele levanta do pó o necessitado
E ergue do lixo o pobre,
para fazê-los sentar-se com príncipes,
Com os príncipes do seu povo.
9 Dá um lar à estéril,
E dela faz uma feliz mãe de filhos.
Aleluia!



Introdução:

Esse salmo tem um forte apelo coletivo. Ele está diretamente relacionado com louvor coletivo no período dos pós exílio, século IV A.C. Embora o uso do tetragrama, no Original hebraico, YHWH, o relacione a tradição Javista. O que indica que sua origem remonte antes do cativeiro, provavelmente ao início do período monárquico. Porém a expressão final, aleluia, sugere uma edição posterior, muito provavelmente no pós exilio. Observe o fim dos salmos 115, 116, 117, Aparentemente a expressão “louvai ao senhor”, ou Aleluia em algumas versões,  foi colocada propositalmente com o fim de dá unidade a esses salmos. A posição que o salmo 113 se encontra, dá a entender que o editor o colocou aí devido a uso frequente da palavra “aleluia”, ou louvai ao Senhor”, em seu texto. Percebe-se que os salmos que o precedem e os que o sucedem também usam com frequência a expressão “louvai ao Senhor”, ou aleluia. Expositores e comentaristas do livro dos salmos costumam fazer referência a uma tradição que classifica os salmos de 113 a 118 como o HALLEL SAGRADO. Segundo essa tradição esses salmos eram cantados no período dá pascoa judaica, pelos judeus. Muito provavelmente Jesus tenha cantado esses salmos depois da última ceia.

Por seu forte tom coletivo, podemos entende-lo como um salmo que teve por finalidade promover a unidade do Israel, mediante a fé em YHWH. Exaltando o Deus de Israel sobre as nações que, após o cativeiro babilônico, viam Israel acabado e falido como nação. Mas o Deus de Israel está acima de todas as nações.  O exemplo do pobre que é erguido e o dá mulher estéril abençoada por YHWH deixa claro que o Senhor cuida de cada um dos seus, tanto no sentido pessoal, como no sentido coletivo. Ele também ergueria Israel novamente como um grande reino. O vocativo coletivo no louvor deve ser entendido também como um vocativo nacional. A chamada para o louvor pedia como resposta não só corações gratos ao Senhor por sua bondade, Mas também pedia como resposta a fé que Deus restauraria seu povo como uma nação, pois ele cuida dos pobres e necessitados.


 Comentário.

O salmo inicia com uma chamada coletiva ao louvar ao senhor:

1 Aleluia! Louvem, ó servos do Senhor,
Louvem o nome do Senhor!

O nome sagrado de Deus YHWH está ligado diretamente a sua natureza. Esse nome revela Deus como aquele auto suficiente e é eterno. Os que seguem os preceitos modernos do judaísmo o costumam o substituir pela expressão “O ETERNO”. Por servos do senhor entenda no contexto do pós cativeiro babilônico, todo o povo de Israel presente nas festas sagradas. Todos no santo ajuntamento são convidados a reconhecer a natureza divina revelada em seu nome:

2 Seja bendito o nome do Senhor,
Desde agora e para sempre!

De forma continuada e por toda eternidade o nome do Senhor deve ser louvado. O poeta é bem pragmático quando usa o paralelismo para indicar o tempo que o nome do senhor deveria ser louvado:

3 Do nascente ao poente,
Seja louvado o nome do Senhor!

Ou seja, o dia inteiro o nome do Senhor deveria ser louvado pelo seu povo.
        O salmo começa agora a revelar seu propósito editatorial que era revelar a soberania do senhor sobre todas as noções que cercavam e oprimiam o povo de Deus após o cativeiro babilônico.

4 O Senhor está exaltado acima de todas as nações;
E acima dos céus está a sua glória.

Perceba a partir de agora que o salmo começa a tomar um discurso nacionalista. O Senhor é o verdadeiro rei de Israel e não um rei pagão. Pois o Senhor está acima de todas as nações, governando a terra, e sua glória é transcendente não se limitando a terra, mas estendendo-se até os céus. Mas apesar de transcendente ele olha e vê as aflições de seu povo. Ele podia ver o clamor e o sofrimento do Israel pós exilado.

5 Quem é como o Senhor, o nosso Deus,
Que reina em seu trono nas alturas,
6 mas se inclina para contemplar
O que acontece nos céus e na terra?

YHWH não é como os soberanos e reis da terra que não estão nem aí para os sofrimento de seus súditos mais oprimidos. Mas ele se projeta do seu trono, dedicando uma atenção especial pelo pobre e por todo aquele que passa por angustias.

7 Ele levanta do pó o necessitado
E ergue do lixo o pobre,
Para fazê-los sentar-se com príncipes,
Com os príncipes do seu povo.
9 Dá um lar à estéril,
E dela faz uma feliz mãe de filhos.
Aleluia!

YHWH não é só transcendente em toda sua glória, mas também é imanente. Ele não só contempla o sofrimento de cada pessoa, mas também age em favor. O texto deixa claro ele mesmo “levanta do pó o necessitado” e “dá a estéril um lar”. A palavra hebraica traduzida por inclinar-se ou curva-se é “saphel” que significa humilhar-se, rebaixar-se, afundar ou ser nivelado por baixo. A ideia no contexto é se tornar participante da humilhação do pobre. Que Rei na terra seria capaz de tomar parte no sofrimento dos seus súditos? Ninguém. Só mesmo o Senhor é capaz de se identificar com o sofrimento de seu povo e tomar para si mesmo essa aflição.

Muitos abrem um debate teológico sobre quem é a mulher que o salmista faz referência no texto. Seria Ana ou sara? Muitos erram ao fazer essa pergunta por não ler o salmo dentro de seu sentido nacionalista. A chamada inicial no verso 1 é para todo Israel, o verso 4 deixa claro que o Senhor está à frente de todas as nações e observando o contexto pois exilio, podemos declarar que A mulher estéril é toda a nação de Israel que passava por uma crise nacional. O povo de Deus confiava na restauração que o senhor faria. O povo de Deus é o necessitado lançado ao pó, Mas Deus o levantará e o restaurará entre as outras nações.

O acréscimo do editor do período pós babilônico encerra esse salmo com igual convite que o abriu “Aleluia” ou “louvai o Senhor”.


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